Uma empresa executora de pisos consegue “sobreviver” quando fatura mensalmente, no mínimo, um valor correspondente ao seu custo. Quando o faturamento se torna maior do que o seu custo, ela começa a dar lucro e atinge, então, o seu objetivo básico. Grosso modo, chamamos de lucro o quanto sobra no caixa após o pagamento de todas as despesas, desde o cafezinho até a manutenção dos equipamentos e investimento em novas máquinas e tecnologias. A saúde de um procedimento executivo depende desta teoria básica e, assim sendo, torna-se imperativo que ao fazer uma venda e fechar um contrato, o departamento comercial da empresa saiba exatamente o que está fazendo quando trabalha na composição do preço final dos serviços.
Durante as negociações é muito comum ouvir do cliente que ele tem preços de concorrentes muito mais baixos. Normalmente, trata-se do “bom concorrente mal informado”: tem boa apresentação, mas é mal informado técnica e administrativamente; não conhece a diferença entre sobrevivência e crescimento com sucesso, ou seja, só percebe que os seus preços estão errados quando não consegue mais pagar os seus “colaboradores braçais autônomos” e nem comprar o combustível para os equipamentos que ainda funcionam.
Na maioria das vezes, o cliente não entende de construção civil e, logicamente, não sabe o que é piso em concreto; portanto, antes da execução, tudo deve ser minuciosamente explicado para que ele não crie uma falsa expectativa sobre o resultado final.
Um bom piso depende, antes de tudo, de um bom projeto específico e o projetista, por sua vez, necessita de um bom executor para respeitá-lo e atendê-lo em todas as suas especificações. Para que isto aconteça, o executor tem de ter competência para compreendê-lo, ou seja, não basta saber “ler” o projeto; tem que saber o por quê das juntas construtivas e serradas estarem ali, como funcionam os reforços de armadura, etc.
Um piso de qualidade é aquele que atende às especificações de projeto quanto à resistência solicitada e índices de planicidade e nivelamento, aliadas a um bom resultado estético quanto ao acabamento superficial. Para tanto, tem de ser executado observando-se o cumprimento e aplicação das operações realmente necessárias, passo a passo e sem supressões. Antes da execução, todas as dúvidas sobre a obra, operações e materiais devem estar dirimidas.
O sucesso depende da boa execução e de equipamentos e ferramentas adequadas. Uma boa execução depende, fundamentalmente, de um bom concreto. Concretos podem ter diferentes cartas de traço e todos chegarem a um mesmo resultado final de resistências a compressão e tração a flexão, porém os caminhos serão diferentes e poderão proporcionar características diferentes quanto à resistência a abrasão, tempo de pega, exsudação, retração, etc., características estas muito importantes no desempenho de um piso.
Durante a execução de um piso, o concreto fornecido pode ter atendidas as características básicas normalmente solicitadas pelo cliente que o compra diretamente da fornecedora sem a ajuda de um projetista, tais como o famoso slump 8 com pedra 1 e 2, e aos 28 dias atingir a resistência mínima contratada de 30 Mpa.
Assim, podemos dizer que o concreto não apresenta problemas e atende ao contratado. Porém, o piso tem um resultado final muito ruim porque um concreto “normal” comprado pelo cliente causa problemas durante a operação devido ao seu comportamento totalmente inadequado para uma concretagem de pisos. O concreto indevidamente especificado, ou embora com especificação correta teoricamente mas na prática fora das especificações por qualquer motivo, sofre interferências no seu comportamento após o lançamento que culminarão no insucesso do resultado.
Para que o sucesso seja garantido, a promoção de uma reunião técnica com todos os envolvidos na execução do piso, além do cliente, no mínimo uma semana antes do inicio da obra, tem importância superlativa, pois nela o executor irá explanar seus métodos e suas necessidades.
Tudo isto só se consegue com boas estruturas e estas são obtidas com trabalho duro e persistente na busca dos bons resultados. A conscientização do cliente quanto à prática do preço justo ajuda bastante.
Fonte: Qualit Construção, adaptado de Obra24horas