O ganho recente de visibilidade do Brasil, o crescimento da economia acima da média mundial e a redução dos juros são fatores que começam a despertar no estrangeiro o desejo de realizar um financiamento imobiliário.
Levantamento da CrediPronto!, associação entre a imobiliária Lopes e Itaú Unibanco, mostra que a participação desse público nos contratos de financiamento passou de 1,2% no ano passado para 4,1% até maio.
"O Brasil tem sido um celeiro de crescimento para multinacionais que estão se instalando no País ou expandindo as suas operações, o que traz mais estrangeiros para trabalhar aqui", considera o diretor de Operações da empresa, Bruno Gama.
Em seu levantamento, a CrediPronto! considerou os financiamentos em que o cliente utilizou no cadastro o registro nacional de estrangeiros (RNE), independente de ter realizado o financiamento em conjunto ou em parceria com outra pessoa.
Pelas regras vigentes no País, o crédito imobiliário ao estrangeiro dependente da concessão de visto permanente, que tem suas regras estabelecidas pelo Conselho Nacional de Imigração. No ano passado, a concessão desses vistos cresceu cerca de 30%.
Esse procedimento é diferente do adotado nos Estados Unidos, por exemplo. Lá, o estrangeiro que queira comprar um imóvel e utilizar financiamento bancário precisa ter apenas um visto, mesmo que de turismo.
Gama lembra que o estrangeiro, em especial o europeu e o norte-americano, tem um hábito maior de financiar imóveis e, ao fixar residência no Brasil, não pensa em alugar ou juntar recursos para fazer o pagamento à vista.
"Eles até comentam que os juros são um pouco mais altos, mas não se negam a fazer a operação por conta da taxa", afirma o executivo.
Os que mais buscam essas linhas de crédito são diretores de empresas estrangeiras no Brasil ou de pessoas que estejam investindo ou abrindo negócios no país. Entre os europeus, a predominância é de portugueses e espanhóis.
A CrediPronto! também registrou um maior interesses por parte de chineses e norte-americanos. Entre os sul-americanos, os argentinos são os que demandam mais crédito.
Vencida a barreira inicial, que é ter o visto permanente, o diretor de Operações explica que o processo do financiamento imobiliário é igual ao do brasileiro, com análise de renda e estudo do perfil.
Esse estrangeiro tem, inclusive, direito a utilizar as linhas do Sistema Financeiro de Habitação, que possuem como fonte de recursos o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a caderneta de poupança.
Tratamento igualitário
A superintendente de Negócio Imobiliário do Santander, Nerian Gussoni, afirma que o banco sentiu recentemente uma maior demanda de estrangeiros pelo financiamento de imóveis, mas que esses dados ainda não estão segregados a instituição não divulgou os números.
"Temos essa percepção. Eles procuram hoje mais para comprar e não para alugar", diz.
Essa dificuldade em se ter os números, segundo Nerian, é porque o sistema do banco, após o crédito ser aprovado, não faz uma separação por nacionalidade do devedor, uma vez que o que importa para o financiamento é a análise do crédito e da situação do imóvel.
"Ainda não temos um tratamento quantitativo para essa informação."
O diretor de Crédito Imobiliário da Caixa Econômica Federal, Teotônio Rezende, explica que existe a procura de estrangeiros, mas a participação é pequena em relação ao total de operações realizadas na instituição - o banco aprova, em média, 4500 contratos de crédito imobiliário ao dia.
"Mas se ele tiver visto permanente e entrar em uma agência para buscar o crédito, vai tomar uma linha comum", diz.
Para atender esse público, as imobiliárias investem em atendimento. A Century 21 possui franquias especializadas em clientes estrangeiros.
Para isso, contrata corretores bilíngues e dá suporte não só na busca pelo imóvel adequado ao cliente, mas também auxilia no processo de compra, como levantamento da documentação e abertura de conta corrente em banco, uma das exigências para que o estrangeiro tenha êxito na busca por financiamento imobiliário.
Fonte: Brasil Econômico