O arquiteto Paulo Sérgio Niemeyer sonha em ver nascer uma nova cidade em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. No município - onde está uma refinaria de petróleo, a Reduc, e funcionava, até o mês passado, o Aterro de Gramacho -, deve ser instalado o primeiro projeto de urbanismo sustentável do País que leva a assinatura do bisneto de Oscar Niemeyer.
Batizado de Nova Cidade de Duque de Caxias, o programa promete dar uma guinada verde que mudará o futuro do local, com a criação de um parque de 32 milhões de metros quadrados, pelo menos dez museus, dezenas de praças, centro de convenções, autódromo, quarteirões com modernos prédios comerciais e institucionais, além de mais de 300 mil metros quadrados de ciclovias e pistas para caminhada.
Toda essa reformulação, que deve levar cerca de 15 anos para ser concretizada, custará R$ 6 bilhões. E espera-se que mude o eixo de ocupação da cidade, que passará a ter o foco deslocado do entorno da Rodovia Washington Luís para a Baía de Guanabara.
Uma via litorânea entre praças e um imenso parque
O projeto dos sonhos do arquiteto prevê até a construção de uma marina, com incentivo ao uso dos quatro rios que passam pela cidade e deságuam na Baía. Outro detalhe promete fazer toda a diferença: na região, só poderão ser erguidos prédios verdes, obedecendo aos cuidados com o meio ambiente.
Para a execução do projeto, foi assinado um protocolo de intenções entre o escritório Niemeyer Arquitetos Associados, do qual Paulo Niemeyer é sócio, e a prefeitura de Duque de Caxias. O programa Nova Cidade de Duque de Caxias foi apresentado pelo prefeito José Camilo Zito e pelo arquiteto no Seminário sobre Comunidades Sustentáveis, no Clube de Engenharia, um dos eventos do Rio+20.
Segundo Paulo, a ideia é que o município torne-se atrativo, deixando de ser apenas um lugar de passagem. E que tanto moradores da cidade (de 855.048 habitantes, segundo o IBGE) quanto o restante da população do Estado passem a enxergar e desfrutar da Mata Atlântica que ainda existe por lá. Não é à toa que um dos pontos fortes do novo projeto é a abertura de uma rota de acesso à cidade, a Via Litorânea. A estrada alternativa, com 21 quilômetros, permitirá que o motorista saia da Linha Vermelha e siga, admirando as praças, o parque e outras construções pelo caminho, até a saída da cidade, em direção a Magé.
Duque de Caxias também vai ganhar teatros, bibliotecas, rodoviária intermunicipal, estação de barcas e um belo passeio público.
“Este boulevard será um eixo verde para pedestres. Ele vai cruzar a Washington Luiz, com uma passagem por baixo da estrada. Um caminho do Autódromo até a foz dos rios Sarapuí e Iguaçu”, detalha Paulo Sérgio, que descobriu a cidade e começou a fazer projetos para transformá-la, entre 2005 e 2006, quando acompanhou a construção do Teatro Raul Cortez, na Praça do Pacificador, projeto de seu bisavô. “Naquela época, percebi que a cidade crescia na contramão de tudo o que é sustentável. Ela não tem, por exemplo, um parque no entorno da Baía de Guanabara, como tem a cidade vizinha, Magé”, fala.
O projeto todo ocupa 53 quilômetros quadrados, sendo 32 deles só de parque. Um espaço maior que o da Floresta da Tijuca, do Parque Ibirapuera ou do Central Park.
O projeto urbanístico contempla, ainda, a implantação de uma área para prédios do Minha Casa, Minha Vida e a criação de uma Cidade do Conhecimento, um complexo com pelo menos dez museus e um planetário, numa área de 700 mil metros quadrados. Um dos prédios será feito em vidro. E um dos museus, o principal deles, será especializado em minerais e pedras preciosas.
Segundo o prefeito de Caxias, um levantamento detalhado da área está sendo elaborado para liberá-la para construção.
“A concepção do projeto vai ao encontro do que queremos para Duque de Caxias, ou seja, uma cidade renovada, articulada e com visão de futuro”, diz Zito. “Como é um projeto de grande magnitude, vamos buscar recursos com a iniciativa privada”, finaliza.
Mais informações sobre o projeto no site do escritório: www.niemeyer.arq.br .
Fonte: Obra24horas