Para quem tem uma vida social intensa e um apartamento grande como o coração de todo bom cicerone, caprichar no lavabo é indispensável.
Instituição decorativa das mais gregárias, o famoso banheirinho para as visitas é fundamental para quem gosta de viver com a casa cheia, mas detesta compartilhar suas intimidades sanitárias com todo mundo que bate na porta. Mais que aconchegar os visitantes, o diminuto ambiente pode e deve impressioná-los.
"Lavabo é lugar de gente feliz", brinca o arquiteto Humberto Zirpoli, para quem descontração e liberdade devem ser os lemas decorativos de todo banheiro social que se preze. Segundo ele, o principal cartão de visitas da casa só entrou em cena entre as décadas de 70 e 80, como consequência da disseminação das suítes. "Afinal, é importante que a visita se sinta à vontade, mas não ao ponto de usar a suíte do casal, para evitar constrangimentos."
Uma das poucas regras que o arquiteto defende para os lavabos são os espelhos. "Pode ser de qualquer tamanho, com todo tipo de moldura. Mas tem que ter", garante. Assim, o ambiente fica parecendo mais amplo e as visitas se mantêm bonitas por mais tempo.
E por falar em beleza, ela é sempre bem-vinda em cada cantinho do diminuto banheiro. "Da cuba da pia ao piso, tudo deve ser caprichado. E o melhor é que os clientes nem reclamam, porque o ambiente é sempre tão pequeno que nunca sai caro", brinca o Zirpoli.
Outras protagonistas do lavabo, na opinião do também arquiteto Romero Duarte, são as luzes.
"O ambiente não precisa ser muito claro. Pelo contrário. Gosto de usar cores escuras nas paredes. Aí, equilibro com uma iluminação mais feérica só em determinados pontos", diz ele, que defende o uso de espelhos nas laterais do balcão e não na frente da pia. Já o piso, ensina, deve ser o mesmo da sala, "para garantir continuidade". E nas paredes, pode tudo. "Uso desde pedra e pastilha a revestimento metálico."
Obras de arte avisa o arquiteto Eugênio Leicht, também enfeitam tanto quanto surpreendem. "É sempre bom lembrar que o lavabo compõe a área social da casa. Trata-se de um espaço diferenciado mesmo", diz. E se engana quem pensa que é preciso estar pendurado na parede para ser arte. A cuba, por exemplo, pode fazer as vezes de uma bela peça, sem deixar de escoar a água da torneira. A que Eugênio usa em casa, por exemplo, é única. Feita em São Paulo, de cerâmica artesanal, captura olhares e corações dos visitantes. "A escolha mais segura, quando se trata de lavabos, é investir em detalhes."
De fato, é melhor que elementos decorativos e utilitários sejam pequenos para não brigar com as dimensões do banheiro onde chuveiro não é bem-vindo. "O balcão, a pia, até um vaso com planta. Tudo precisa ser milimetricamente planejado", diz Romero. Mas, apesar do aperto, lembra, gentileza nunca pode faltar a qualquer contexto decorativo. Segundo ele, um kit com fio dental, analgésicos, curativos e afins deve ficar escondido em algum armário ou prateleira. Mas não muito. Só o suficiente para que o visitante consiga achar o que estiver precisando numa xeretada rápida. "O que acho mais interessante nesse ambiente é que ele exerce uma espécie de sedução irresistível. As pessoas têm uma curiosidade enorme de vê-lo, explorar cada detalhe."
E como humanizar é preciso, plantas são indispensáveis. Na hora de providenciar o "toque de natureza", como definem as arquitetas Ana Paula Carvalho e Renata Komuro, da Ar2 Arquitetura de Interiores, vale desde jarros a vasos com flores – de preferência, cheirosas – em cima do balcão ou mesmo janelões verdes, que transformam a vegetação da rua ou do quintal em obra de arte.
Na lista de supérfluos indispensáveis ao lavabo, a dupla faz questão de acrescentar ainda aromatizantes, rolinhos de toalhas, porta-revistas, sabonete líquido e algodão. Porque o lavabo pode até parecer pequeno, mas deve ser acolhedor.
Fonte: Diário do Comércio