Encontrar um pedreiro qualificado que consiga tocar uma reforma e entregar o trabalho no prazo é uma missão cada vez mais difícil.
Com o aquecimento no mercado da construção civil nos últimos anos, reformas caseiras passaram a interessar menos aos profissionais.
No período de 12 meses encerrado em julho deste ano, o número de contratações na construção civil superou em 230 mil a quantidade de trabalhadores demitidos, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego.
Hoje o piso salarial desse profissional é de R$ 1.168,20. Mas, como são muito requisitados, o valor pode subir.
"Falta mão de obra nas construtoras, e tem pedreiro 'top' ganhando cerca de R$ 5.000 por mês. É difícil haver quem se interesse em fazer 'bicos' em residências", diz Fabio Cury, proprietário da construtora Cury.
"Há uma redução drástica na oferta de trabalhadores para reformas para casa", acrescenta Haruo Ishikawa, vice-presidente de relações de capital e trabalho do Sinduscon-SP (Sindicato da Construção).
Os pedreiros e sócios Cleber Santos de Oliveira, 33, e Moisés Pinheiro Fagundes, 35, aproveitam a demanda. "A gente termina um serviço e já tem outro esperando."
Como alternativa a indicações de vizinhos, amigos e conhecidos, os moradores que precisam fazer reformas encontram profissionais na internet.
Na Rede
Se fazer uma reforma em casa dá trabalho, encontrar um bom profissional para levá-la a cabo é um dos primeiros desafios.
"O trabalhador prefere ter carteira assinada e mais estabilidade a fazer pequenos serviços", afirma Haruo Ishikawa, vice-presidente de relações de capital e trabalho do Sinduscon-SP.
Na hora da disputa com a indústria, difícil de ser vencida, o morador que precisa fazer uma obra pode contar com a ajuda da internet --além da tradicional propaganda boca a boca, que ainda é a forma mais segura de encontrar um profissional.
Pedreiros, empreiteiras e empresas anunciam seus serviços em sites (veja ao lado). Além dos tradicionais classificados, também é possível contratar diretamente sites que prestem serviços de reparo, como o Dr. Resolve ou o Pra que Marido?.
O fundador do Dr. Resolve, David Pinto, conta que teve a ideia de abrir a empresa após precisar reformar seu apartamento. "Percebi que era muito difícil encontrar mão de obra qualificada e resolvi apostar nesse serviço."
Além de estar na internet, a empresa conta com cerca de 500 unidades físicas no país. Em dezembro de 2011, Pinto fundou o Instituto da Construção, que oferece cursos para pedreiros, instaladores, eletricistas e outros profissionais da construção civil. "Falta mão de obra com capacidade técnica, pois em geral o pedreiro aprende só com a experiência do dia a dia."
Um dos motivos que ele vê para a escassez de mão de obra é o menor interesse de jovens pela profissão. "Normalmente eles procuram um emprego que dê status."
Indicação
O fundador do Faça Bem Feito, Admilson Silva de Oliveira, conta que, quando vai anunciar um pedreiro no seu site, o visita antes para ver como é o seu trabalho e pede referências sobre o que ele já fez. "Quando reformei minha casa, percebi que não havia como avaliar antes a qualidade do profissional."
O autônomo Flávio Ferreira, 39, que mora na zona leste de São Paulo, pediu a opinião de vizinhos para contratar um pedreiro para trabalhar na laje de sua residência, mas não achou um.
Decidiu buscar na internet e contratou um profissional do Faça Bem Feito. "O serviço está ok," diz.
O CEO do site Getninjas, fundado em 2011, Eduardo L'Hotelier diz ter cerca de 10 mil profissionais cadastrados. E eles podem ser avaliados pelos clientes. A reportagem, porém, consultou 15 profissionais após fazer uma busca no site, mas nenhum ainda havia sido avaliado.
Há três anos, o pedreiro José Júlio Filho, 49, criou um CNPJ. "Antes poderiam pensar que eu prestava serviço e não pagava imposto. No ano seguinte, fiz meu primeiro anúncio."
Por saber da demanda por pedreiros, pensou que poderia conseguir mais clientes do que pelo boca a boca. Deu certo. "Em agosto recebi mais de dez ofertas só pela internet. Acabo recusando muitas por falta de tempo."
O pedreiro Pedro Lopes Estrela, 41, também montou uma empresa e hoje tem uma equipe que trabalha com ele. "Depois da internet, somos muito mais procurados."
Fonte: Agência de Notícias Jornal Floripa