13 novembro 2012

Pesquisa resgata arquitetura das casas de pau-a-pique

Construídos há mais de um século, os imóveis da zona rural de Gonçalves/MG são alvos de uma pesquisa universitária que tem como objetivo resgatar a antiga arquitetura das casas construídas na Serra da Mantiqueira.
O curioso é que os imóveis, alvos do estudo, foram erguidos pela própria comunidade. As casas foram construídas com materiais encontrados na região do bairro dos Venâncios, localizado há sete quilômetros do centro da cidade e ainda mantém a estrutura bastante firme.

O produtor rural José da Costa Venâncio conta que o local onde vive, com paiol, curral e o ar puro das montanhas foi construído há mais de 150 anos pelo avô dele. “Eu gosto de morar aqui. Vivo nesta casa há 66 anos e acho que ela deve aguentar mais uns 100 anos”, brinca.

A vida simples do campo é o que encantou o estudante de arquitetura Leandro Venâncio, que resolveu pesquisar a área e durante dois anos catalogou 13 imóveis construídos pela própria comunidade, com uso de materiais encontrados na região. “A arquitetura do pau-a-pique é trabalhada com materiais encontrados nas redondezas, como madeira e terra, que no ambiente acadêmico chamamos de arquitetura Vernacular, que resume-se na madeira, no barro e na pedra”, explica o universitário.

O jovem conta que com o trabalho de iniciação científica quis manter viva a história do bairro, onde moram 42 famílias. “Uma das intenções do meu estudo é fazer um resgate destas técnicas construtivas, uma vez que precisamos preservar este tipo de casa”, acrescenta.

Embora sejam construções resistentes, as residências de pau-a-pique precisam de manutenção e os moradores da região costumam dizer que se um imóvel fica vazio, logo aparecem alguns problemas, como é possível ver em algumas casas que tem a estrutura comprometida.

A dona de casa Maria de Lourdes conta que viveu por muitos anos em uma casa e quando se mudou, apareceram os problemas. “Eu criei meus filhos na casa, mas quando me mudei, apareceram às rachaduras e problemas na estrutura”, diz.

A pesquisa inclui outros dois municípios do Sul de Minas, como Cambuí/MG e Córrego do Bom Jesus/MG, em um total de 20 construções.

No bairro, uma pequena igreja que compõe o cenário interiorano atrai turistas, que no pátio podem conferir uma exposição de 32 fotos do conjunto arquitetônico. Para quem é de São Paulo/SP, como a publicitária Roberta Bruzadin, as belezas encantam. ”É muito bonito. Um resgate histórico, né?”, finaliza.

Fonte: Obra24horas