18 junho 2013

Gafisa cai 10% após venda da Alphaville

As ações da Gafisa aprofundaram as quedas perto do fim do pregão da ultima sexta-feira e fecharam com desvalorização de 10,3%, cotadas a R$ 3,65, na esteira do anúncio de venda de 70% da Alphaville Urbanismo, por R$ 1,4 bilhão, para um bloco formado por Blackstone e Pátria Investimentos.

A ação entrou em leilão - quando os negócios são interrompidos após fortes oscilações, para cima ou para baixo - duas vezes no dia. A primeira foi no início do pregão, às 10 horas, por forte pressão compradora. A segunda, às 12h30, por forte pressão vendedora.

A cotação mínima registrada no dia foi de R$ 3,63, praticamente o mesmo preço de fechamento. O papel não atingia valor tão baixo desde outubro de 2012.

O otimismo quanto à venda da Alphaville não foi suficiente para ofuscar o mau humor do mercado. A visão dos bancos é que, apesar de ser muito bom para a saúde financeira da incorporadora no curto prazo, ainda há desafios grandes para a administração da empresa, o que diluiria o efeito da operação a longo prazo.

O Bank of America Merrill Lynch (BofA) fez relatório aos clientes no qual lembra que o grupo terá de rever seus lançamentos. Com a perda de 70% da Alphaville, o nível de projetos cai de R$ 2,7 bilhões para cerca de R$ 1,5 bilhão. "Isso pode levantar a preocupação sobre como ela vai usar o caixa recebido na venda", afirmaram Guilherme Vilazante, Carlos Peyrelongue e Daniel Gasparete.

Segundo eles, os investidores querem uma resposta clara da Gafisa quanto a geração de caixa.

O J.P. Morgan concorda com a opinião do BofA, já que as previsões de desempenho operacional da empresa não são das melhores. Após a transação, o banco estima que, em alguns múltiplos, o preço da ação da construtora estaria no mesmo nível de suas principais concorrentes, PDG Realty e Rossi Residencial.

Para Marcello Milman e Gustavo Cambauva, do BTG Pactual, a "nova Gafisa" - que reúne o grupo principal, 30% da Alphaville e a Tenda - é mais atrativa, mas o problema é que sua força para gerar lucratividade é bem reduzida. "Tanto Gafisa como Tenda vem apresentando prejuízo", ressaltaram.

Além disso, o fato de a companhia ter mantido 30% do projeto pode preocupar. Isso significa que menos recursos vão entrar com a alienação, ou, como disse o BofA, "menos poder de convencimento aos acionistas", e que a Gafisa não terá influência suficiente na Alphaville, já que perdeu o controle.

Em meio a pontos positivos e negativos, no geral, a visão dos bancos não mudou tanto. O BTG permaneceu com sua recomendação neutra e preço-alvo de R$ 4,40 em 12 meses, e o BofA, indicando compra com preço-alvo de R$ 9. Credit Suisse e J.P. Morgan também comentaram o negócio sem alterar estimativas.

Fonte: Valor Econômico