O sonho da casa própria é uma realização que muitas pessoas compartilham. Algumas passam anos e anos economizando até conseguir realizá-lo. O problema é quando chega a hora de morar naquele pedacinho de teto, que por tantos anos foi almejado, pode acontecer do sonho se transformar em um verdadeiro pesadelo. Pois, a obra que havia sido prometida como de qualidade, resistente e perfeita, é na verdade cheia de defeitos, trazendo verdadeiros prejuízos ao bolso.
Para evitar que trabalhos efetuados pelos profissionais da construção civil, sejam arquitetos, engenheiros civis, proprietários de construtoras efetuem trabalhos sem qualidade, uma nova norma, a NBR 15575 estabelece novos critérios de desempenho, para todas as obras que forem construídas a partir de 19 de julho.
Conforme o engenheiro-civil Ivanor Fantin Junior, que é assessor técnico do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon/PR), essa norma começou a ser estudada antes ainda do ano 2000, exatamente porque na época, várias obras de ação social, apresentavam problemas. Em 2008, então ela foi colocada em vigor, mas ainda não era exigida e nos últimos três anos passou por uma revisão e em breve passará a ser exigida.
Fantin explicou que o objetivo dessa norma é garantir que as obras tenham pelo menos, os requisitos mínimos de qualidade e para isso vai envolver todos os profissionais da construção civil e também os usuários das obras. “Essa norma vai trazer um diferencial muito grande para o setor da construção civil, é a norma mais importante criada nos últimos 30 anos”, afirmou.
Um dos pontos mais importantes da nova norma é que os futuros usuários da obra terão que atuar para que a qualidade e a durabilidade da obra, seja mantida. Ele terá a responsabilidade de fazer a manutenção adequada dos componentes que integram a sua obra, a partir, de que ao final da construção, ele receberá o manual de uso de operação e manutenção, que especificará todos os produtos usados, o desempenho de cada um, a vida útil, a garantia e os prazos de realização das manutenções.
Se não cumpridas as especificações do manual e houver algum dano relacionado à falta de manutenção, o usuário não poderá reclamar com os profissionais que efetuaram o serviço. “Em Curitiba, nós temos muitos casos de usuários que acabam processando empresas por problemas de falta de manutenção. Hoje nós temos ações judiciais contra construtoras, que possivelmente depois da norma, será possível até processar o próprio cliente por danos morais”, comentou Fantin.
“Muitas vezes acontece das construtoras efetuarem a obra e dois anos depois o cliente vem e reclama que está vazando água na torneira, mas ele não trocou o corinho da torneira. Outra situação é o cliente, por exemplo, não fazer a limpeza da calha, a água então transborda e apodrece um beiral. O fato é que ele tem que saber que precisa fazer a manutenção adequada, para que a obra tenha durabilidade”, frisou o engenheiro civil.
Sobre o trabalho dos profissionais da área, ele relatou que projetistas, arquitetos e engenheiros, todos, terão a partir da norma que colocar realmente os seus conhecimentos em prática, pois a obra terá que ser, categoricamente, a mais bem feita possível. “Para os profissionais da área o trabalho vai mudar bastante, porque eles terão muitas especificações a cumprir, por exemplo, terão que saber qual janela tem uma acústica diferenciada, que tipo de parede colocar, entre outras situações”, relatou Fantin.
A nova norma vai abranger a garantia de qualidade para todos os sistemas da obra, desde a estrutura, vedação, aberturas, acústico, conforto térmico, preservação do meio ambiente, entre vários outros itens.
Fonte: Diário Sudoeste
