A pechincha gera uma grande economia para quem tem o sonho da casa própria. Segundo o último levantamento do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis da 2ª Região (Creci-SP), os descontos no fechamento dos negócios em bairros da classe média da capital paulista como Aclimação, Pompéia, Sumaré e Vila Madalena foram em média de 14,5%.
O percentual só foi menor do que os praticados nos bairros periféricos da cidade, por exemplo, Capão Redondo, Campo Limpo e Brasilândia, onde a média dos abatimentos foi de 17,5%.
Os dados se referem apenas aos imóveis usados vendidos na capital paulista em maio, período do último levantamento feito e divulgado neste mês pelo Cresci-SP.
Uma casa de três dormitórios que fosse anunciada por R$ 850 mil, por exemplo, nas localidades de classe média citadas acima, poderia ser vendida por R$ 726.750, se o comprador conseguisse o desconto médio de 14,5%. A economia chegaria a R$ 123.250. O dinheiro sobrando poderia ser usado na compra de um veículo Hyundai HB 20, que está entre os cinco carros mais vendidos no Brasil desde o ano passado e custa R$ 32 mil, e ainda daria para usar os R$ 91.250 restantes para mobiliar a casa nova.
Em bairros mais distantes do centro da capital, como Capão Redondo e Vila Nova Cachoeirinha, um imóvel também com três dormitórios poderia ser vendido por R$ 225 mil. Dependendo da negociação entre comprador e vendedor, a casa seria vendida por R$ 185.625, se fosse aplicado o desconto médio de 17,5%.
É importante ressaltar que o abatimento divulgado pelo Cresci é uma média. O que significa dizer que alguns compradores conseguiram no período um desconto maior e outros abaixo do patamar de 14,5% ou 17,5%, nas regiões. No período, o preço médio do metro quadrado dos imóveis vendidos pelas imobiliárias consultadas caiu 1,41%.
O valor dos abatimentos está relacionado a diversas variáveis, como condições do imóvel, características da região onde está localizado e, principalmente, à necessidade do vendedor.
O presidente do Cresci-SP, José Augusto Viana, também explica que os abatimentos muitas vezes acontecem porque os proprietários sempre querem vender por um preço acima do que valem os imóveis e, muitas vezes, acabam tendo que fazer descontos para concluir.
Ainda de acordo com ele, 50% dos negócios são fechados por meio de financiamento bancário e o endividamento do consumidor atrapalha o setor. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), em julho, mostrou que o percentual de família com dívidas chegou a 65,2%, maior do que em junho, quando registrou 63%.
“O endividamento é um negócio sério porque quando chega o momento de obter crédito para financiamento imobiliário, isso tudo é levado em consideração. Você retira do mercado pessoas que evidentemente teriam condição de comprar e endividado não vai poder, já que essa renda está comprometida.”
Viana também explica que o endividamento e os descontos não significam a desvalorização do setor dos imóveis, pois o que os dados do Cresci mostram é que as vendas têm aumentado mensalmente. De janeiro a maio, o crescimento já foi de 27,92%.
Fonte: R7
