A segunda metade do ano mal começou e 2013 já foi eleito, pelas entidades que compõe o setor da construção civil no Rio Grande do Norte, como o período ideal para quem pretende adquirir um imóvel. O mercado imobiliário passa por um momento caracterizado pela desaceleração do crescimento, visto como reflexo natural da acomodação do mercado. “Ou seja, o momento é excelente para quem vai comprar. O mercado imobiliário atualmente tem mais oferta do que procura e isso, claro, favorece o comprador”, destaca a vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RN), Larissa Dantas.
O presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-RN) Jailson Dantas, faz a mesma análise. “O ano de 2013 é uma continuação de 2012. O mercado está se recuperando, se estabilizando em um patamar mais baixo e agora estamos no momento da entrega das unidades comercializadas no passado”, disse. A fase de desaceleração é observada em todo o país desde o ano passado. O discurso do Sinduscon-RN e do Secovi-RN acompanha as observações do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Paulo Safady Simão, que considera essa mudança de ritmo natural. “É um momento de estabilização”, confirma.
Apesar da mudança de cenário a avaliação para o primeiro semestre de 2013 é positiva. Para Jaílson Dantas com o passar dos meses o mercado veio se recuperando em relação ao ano anterior. “Foi um bom primeiro semestre. O que estamos vendendo mais hoje em dia são os imóveis prontos e os que estão sendo entregues. A velocidade de venda dos lançamentos ainda está muito abaixo da velocidade de venda dos imóveis prontos”, disse.
A vice-presidente do Sinduscon destaca que as empresas queimaram seus estoques nesses primeiros meses do ano, enquanto as grandes obras de infraestrutura anunciadas para o estado, não tiveram, no primeiro trimestre, o impulso esperado no ano passado. Mesmo assim, acredita em uma pequena reação em relação ao ano de 2012. “O mercado imobiliário teve uma pequena reação neste ano. Está melhor que o ano passado. Em 2012 teve uma parada e agora as empresas estão voltando a investir. O diferencial é que esse investimento vem sendo feito com mais cautela. É uma retomada de investimento de forma mais ordenada. A intenção é que, com isso, possamos fazer uma gestão política junto a órgãos públicos”, disse Larissa Dantas.
O público também mudou. Com uma série de empreendimentos turísticos travados, os clientes estrangeiros deixaram de ser o público alvo das empresas de construção civil e o público local ganhou mais espaço. “Sem contar que a burocracia nas questões relativas ao licenciamento ambiental e o clima de insegurança jurídica, espantaram os investidores”, observou a vice-presidente do Sinduscon-RN.
Apesar do período favorável aos compradores os preços dos imóveis devem permanecer no mesmo patamar. “Os preços chegaram ao limite. O país entrou em fase de menor crescimento e está havendo uma readequação dos preços. É um momento difícil de fazer análise”, ressalta Larissa Dantas. O que muda, explica, é a abertura para as mais diversas possibilidades de negociação vislumbrando a oportunidade para descontos dependendo do acordo firmado. De acordo com a avaliação de especialistas, esse cenário, de juros e vendas caindo e de preços ainda altos, sinaliza uma acomodação do mercado e um momento de equilíbrio, após anos de euforia.
Cenário
A geração de empregos no setor da construção civil segue indiferente às mudanças de cenário, destaca Larissa Dantas. Segundo dados de pesquisa realizada pelo Sinduscon-RN, o setor se mantém em destaque no ranking de geração de empregos em Natal nos últimos três anos. “Em alguns meses do ano chega a ficar acima da indústria”, observa. O volume de trabalhadores está na casa dos 40 mil empregados formais, com variação de 0,5% a 2,05%, para mais e para menos, dependendo das datas de entrega dos empreendimentos.
Grande parte dessa força é utilizada atualmente em empreendimentos com perfil comercial, diferente de três ou quatro anos atrás, quando o setor viveu um momento de histeria de lançamentos residenciais.
Apesar do volume de empregos gerados o setor da construção civil enfrenta dificuldade na contratação de mão de obra que continua sem a qualificação adequada. “O que impacta diretamente na manufatura de nosso produto, que é essencialmente artesanal. Já estamos trabalhando, enquanto sindicato patronal, em soluções como a criação de mais cursos de qualificação, mas infelizmente temos que ser pacientes, pois esse cenário ainda vai demorar um pouco para mudar”, afirma Larissa Dantas.
O impacto da falta de qualificação é sentido nos acabamentos mais finos de final de obras de padrão construtivo mais elevado. “Além do mais, o custo elevado da mão de obra qualificada, pela sua escassez, vem impactando bastante nos orçamentos, e já se fala em alguns casos em impacto de até 60% do custo do orçamento total de uma obra, pois não podemos esquecer que temos encargos sociais na construção civil que orbitam em quase 200% sobre esse valor do custo da mão de obra. Tem sido um exercício de engenharia financeira, equilibrar nossos orçamentos de obras diante desse cenário de alto custo de mão de obra que vem se estabelecendo há alguns anos”, finaliza.
Sindicato quer conhecer o mercado
Que tipo de imóvel falta em Natal? Quais aspectos o consumidor leva em consideração na tomada de decisão? Qual o melhor mês para efetuar a compra? Qual o metro quadrado mais valorizado pelo mercado? Estas são algumas das questões que serão respondidas na pesquisa de mercado encomendada pelo Sindicato da Construção Civil do Rio Grande do Norte cuja primeira amostragem deverá ser divulgada em outubro deste ano. O estudo, elaborado pelo instituto de pesquisa Consult contará com a colaboração de 80% das 120 empresas associadas à entidade e objetiva dar subsídio aos participantes com relação a dinâmica de vendas de imóveis em Natal. O trabalho será sistemático, vai acompanhar o mercado ao longo de todo o ano com divulgação de informações a cada três meses.
“As construtoras não irão trabalhar somente com o conhecimento de suas obras, mas sim o que está acontecendo com todo o mercado imobiliário. Seu crescimento, tipo de imóvel que a população está desejando, o que vai acontecer e a iniciativa da população por mais interesse por determinado tipo de imóvel. Esse estudo será uma orientação que o Sinduscon-RN vai oferecer às empresas associadas. Isso é muito importante pois serve para balizar o sindicato e as empresas”, ressalta o diretor da Consult, Paulo de Tarso.
Atualmente o trabalho está em fase inicial. As empresas fornecedoras dos dados que serão transformados em indicadores de mercado fieis à realidade estão passando por treinamento. “Os dados que dispomos atualmente não são totalmente fieis. São feitos a partir da observação dos anúncios em impressos, análise de números de alvarás e Habite-se emitidos pela prefeitura, o que nem sempre acompanha a velocidade das ruas”, explicou Larissa Dantas. Com esses dados em planilha a expectativa do sindicato é que seja possível articular ações em parcerias para que os agentes públicos possam fazer a cidade crescer de forma mais coerente do ponto de vista de organização urbana.
Fonte: Tribuna do Norte

