10 setembro 2013

Cresce oferta de imóveis de médio-alto e alto padrão

Os lançamentos de imóveis para a média-alta e a alta renda - que possibilitam margens mais elevadas que as dos projetos econômicos - têm voltado a ganhar força nos novos projetos do setor. Na cidade de São Paulo - maior mercado imobiliário do país - uma das razões desse movimento é o preço elevado dos terrenos. Há quem diga que, em alguns bairros da capital, está mais difícil fechar a conta nos lançamentos para a classe média por causa dos preços das áreas.

"Algumas incorporadoras estão atuando com mais foco nos segmentos de médio-alto e alto padrão. Houve redução na oferta de imóveis de padrão econômico e super-econômico", diz o vice-presidente de operações da Brasil Brokers, Julio Piña. De janeiro a maio, 26% das vendas de lançamentos da Brasil Brokers foram de unidades com preço acima de R$ 650 mil, ante 19% no primeiro semestre de 2012. Além da mudança do mix, preços mais elevados contribuíram para esse incremento.

Conforme a diretora-geral de atendimento da Lopes, Mirella Parpinelle, os lançamentos de produtos destinados à média-alta e à alta renda ganharam participação na imobiliária no segundo trimestre. A executiva ressalta que, nos primeiros anos após a onda de abertura de capital, quando as incorporadoras precisavam apresentar "números grandiosos" ao mercado, houve menos oferta desses segmentos.

"Vemos uma demanda crescente por imóveis de alto padrão, assim como de médio-alto", afirma o vice-presidente financeiro da Cyrela Brazil Realty, José Florêncio Rodrigues. Os lançamentos de médio-alto e alto padrão corresponderam a 70% do Valor Geral de Vendas (VGV) da Cyrela nos últimos cinco anos. Com o aumento de renda, a demanda por esses imóveis tende a crescer, segundo Rodrigues. Ele cita que a Cyrela tem tradição "em desenvolver e construir imóveis de alto padrão".

Na cidade de São Paulo, o principal destaque dos lançamentos ocorridos neste ano foram as primeiras fases do Jardim das Perdizes, empreendimento com unidades de médio a alto padrão. O projeto pertence à Windsor Investimentos Imobiliários, da qual a Tecnisa tem quase 70%, a PDG Realty, 25%, e a BV Empreendimentos e Participações, o restante.

O preço médio por m2 das unidades do Jardim das Perdizes lançadas no primeiro trimestre ficou próximo de R$ 8,3 mil e, no segundo trimestre, em torno de R$ 9 mil, valores considerados de médio-alto padrão pela Tecnisa. A demanda das classes média-alta e alta por imóveis é menos afetada por um cenário de desaceleração da economia, conforme o diretor financeiro e de relações com investidores da Tecnisa, Vasco Barcellos.

A maior parte dos lançamentos da PDG é de unidades de R$ 250 mil a R$ 750 mil, com tíquete médio de R$ 375 mil, ainda que, no primeiro trimestre, esse valor tenha sido maior, em função do Jardim das Perdizes. "De forma oportunista, vamos participar das duas pontas: segmento econômico e alto padrão", diz o diretor de relações com investidores da PDG, Guido Lemos. A empresa pretende ter lançamentos, neste ano, em linha com o VGV de 2012.

Conforme o diretor da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), Luiz Paulo Pompeia, na cidade de São Paulo, a oferta de imóveis de médio-alto e alto padrão, neste ano, está maior do que a de 2012. A participação dessas unidades no segmento de um dormitório tem crescido, segundo Pompeia. Foi justamente o lançamento de imóveis de um dormitório que mais aumentou de janeiro a maio, na capital, ante o mesmo período de 2012. A expansão foi de cinco vezes, de 501 unidades lançadas, para 2,514 mil.

No total, os lançamentos de imóveis na capital paulista cresceram 35,7% até maio, para 10,409 mil unidades, segundo a Embraesp. O segmento de quatro dormitórios apresentou forte alta, de 23,3%, na comparação dos dois intervalos, para 1,159 mil unidades. O número de unidades de três dormitórios lançadas teve alta de 21,5%, para 2,329 mil. O menor aumento foi registrado no segmento de dois dormitórios, que cresceu 2,2%, para 4,407 mil, de acordo com a Embraesp.

Fonte: Valor Econômico