26 setembro 2012

Construção civil torna Brasil destino de estrangeiros sujeitos à escravidão

A concentração de investimentos em grandes obras de infraestrutura e em complexos esportivos no Brasil torna o país atrativo para trabalhadores pouco qualificados, que buscam oportunidades na indústria da construção civil e, por isso, mais propensos a situações de trabalho análogo a escravo, avalia o coordenador do Projeto de Combate ao Trabalho Escravo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Luiz Machado.

Embora a perspectiva da organização seja diminuir o número de trabalhadores nesta situação no Brasil, Machado considera os egressos de países vizinhos como um grupo vulnerável, que deve aumentar com a intensidade no ritmo das obras.

Os imigrantes, muitos dos quais entram no país de forma irregular, são mais suscetíveis à exploração, que já foi detectada em Mato Grosso, em Cáceres e Cuiabá, e em estados fronteiriços do Norte do país, no Acre e em Rondônia. Caso dos haitianos.

A grande concentração de imigrantes, aponta Machado, ainda está em São Paulo, ligada à indústria têxtil, com maior concentração de trabalhadores bolivianos, seguidos de paraguaios e peruanos. As estimativas de organizações não governamentais paulistas apontam que 200 mil bolivianos estão em situação irregular na cidade, boa parte em condição de trabalho análogo a escravo.

Para o coordenador da OIT, as autoridades públicas têm acolhido os trabalhadores, mas as medidas ainda são ineficientes e são poucas as políticas e os programas existentes no Brasil. O maior problema, segundo ele, ainda é identificar esses trabalhadores.

Fonte: Correio Brazieliense